sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Agência Brasil - Secretário comemora "tranquilidade na Bahia", depois dos ataques do tráfico - Violência

 
16 de Setembro de 2009 - 18h17 - Última modificação em 16 de Setembro de 2009 - 18h17


Secretário comemora "tranquilidade na Bahia", depois dos ataques do tráfico

Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil

 
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Brasília - “Estamos vivendo um clima de tranquilidade na Bahia”, disse o secretário de Estado de Justiça e Cidadania da Bahia, Nelson Pellegrino (PT) em depoimento hoje (16) à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Violência Urbana, ao comemorar, segundo ele, 100 horas sem os ataques a ônibus e às unidades policiais que vinham ocorrendo nas últimas semanas em Salvador.

Pellegrino atribuiu os ataques a uma reação de traficantes contra a atitude do governo da Bahia de “não fazer acordo com o crime organizado”.

“Estamos vivendo um clima de tranquilidade. Em uma ação rápida da nossa Polícia Civil e da Polícia Militar, nós conseguimos não só reprimir os ataques aos coletivos e aos módulos da polícia, mas também montar um esquema que deu tranquilidade ao cidadão de Salvador”, disse.

O secretário disse ainda que a situação está totalmente sob controle e que o governo tem identificado o clima de tranqüilidade por meio de interceptação telefônica e de agentes infiltrados. No entanto ele não deu detalhes sobre que tipo de ligações estão sendo ouvidas ou em que espaços os agentes estão agindo. “Trata-se de uma questão estratégica de segurança”, afirmou.

Pellegrino contou a história da briga entre as facções de traficantes rivais na Bahia e voltou a afirmar que os ataques foram ordenados indiretamente pelo traficando Cláudio Campanha, herdeiro da facção que era comandada por Eberson Souza Santos, conhecido como Piti, morto em agosto de 2007. Campanha foi transferido para o Presídio Federal de Segurança Máxima de Campo Grande (MS) no dia 4 de setembro. No dia 7, os ataques começaram.

“A ordem não foi dada de forma direta. Nós chegamos a realizar a transferência de 15 presos, mas o processo já estava deflagrado, e vivemos um clima de guerrilha urbana em Salvador, onde os 'robôs', pessoas responsáveis por executar as ordens, passaram a realizar os ataques”, revelou.

O secretário disse ainda que os ataques na capital baiana não têm ligação com facções criminosas do Rio de Janeiro ou de São Paulo. “Não identificamos uma conexão direta com os grupos de São Paulo ou do Rio de Janeiro. Trata-se de um processo interno de resistência”, disse.

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), membro da CPI, questionou as explicações do secretário. “Nunca vi uma reação que não tenha como resposta do governo, que é uma reação ao combate ao crime organizado. Pode até ser que, na Bahia, essa explicação seja verdadeira. A sua exposição mostra que talvez não exista um processo de inteligência dentro das cadeias”, afirmou.

Gabeira ainda considerou as situações em que seria muito mais barato prevenir as rebeliões e reações. O deputado lembrou que chegou a sugerir ao governo de São Paulo investimentos para melhorar as condições dos presidiários na época dos ataques semelhantes organizados pela facção Primeiro Comando da Capital (PCC).

“Os presos passaram duas semanas reclamando de comida estragada. Com R$ 5 mil se resolvia essa parada. Aí ele queimaram tudo, e perdemos R$ 32 mil. Chamamos o secretário aqui [na CPI] sem nenhuma preocupação de crítica ou de não crítica. Sabemos que ainda é uma situação difícil”, disse Gabeira.

Pellegrino revelou que pretende transformar os presídios da capital baiana em uma área de monitoramento permanente e criar um setor de inteligência prisional. “Precisamos desse monitoramento permanente dos presídios porque, hoje, temos apenas uma leitura de fora para dentro”, afirmou.



Edição: Aécio Amado  


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