6 de Fevereiro de 2010 - 12h22 - Última modificação em 6 de Fevereiro de 2010 - 12h22
Ex-aliciador de adolescentes vira testemunha protegida no Maranhão
Gilberto Costa
Repórter da Agência Brasil
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Brasília - Cortada pela BR-010 (Belém-Brasília) e pela BR-222, a cidade de Açailândia, no oeste do Maranhão, está na rota da exploração sexual de crianças e adolescentes, identificada em mapeamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Publicado em novembro, o levantamento calcula que há um ponto de exploração sexual de crianças e adolescentes a cada 26,7 quilômetros de estradas federais. O dado tem como base flagrantes e denúncias recebidas pela PRF.De acordo com o mapeamento, os pontos onde há mais casos de exploração sexual infantojuvenil são postos de combustível, restaurantes, bares e boates, localizados especialmente na periferia de cidades por onde passam rodovias com grande fluxo de transporte. Esse é o caso de Açailândia.
Duas comissões parlamentares de inquérito da Assembleia Legislativa do Maranhão, uma concluída em abril de 2004 e outra em andamento, apontam para existência de uma rede de exploração na cidade, formada por donos de boate, comerciantes, políticos e advogados.
A atual CPI tem como testemunha Fabiano Souza Barbosa que em 2005 apresentou à Polícia Civil uma agenda com nome de 50 homens da cidade para quem aliciava mulheres e duas adolescentes.
Em entrevista à Agência Brasil, Barbosa disse que, além dos programas marcados por telefone, o aliciamento era feito na Praça do Pioneiro, onde adultos e jovens da cidade costumam se encontrar para fazer um lanche e escutar o som dos carros estacionados.
Depois das 22h, quando é proibido barulho na praça, os homens levavam as meninas para boates e motéis da região.
Hoje com 26 anos, Barbosa conta que quando era adolescente frequentava a Praça do Pioneiro e as boates da cidade. Além desses lugares, as lan houses também são pontos de diversão e exploração sexual. Segundo ele, nesses locais ocorrem festas fechadas, chamadas de corujão. Fabiano diz que conheceu as duas adolescentes por meio de fotos tiradas durante uma dessas festas e nas quais elas apareciam nuas.
Barbosa e as adolescentes estão hoje no Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas (Provita).
De acordo com a presidente da CPI, a deputada estadual Eliziane Gama (PPS-MA), as duas meninas receberam ofertas de R$ 10 mil para se calar e sair da cidade.
“Açailândia é um caso muito grave porque as pessoas envolvidas esnobam a Justiça”, diz a deputada que, recentemente, recebeu ameaças de morte.
O ex-aliciador e agora testemunha não acredita em punição dos envolvidos. “Como sempre, vai dar só um choque, depois começa tudo de novo”, diz Barbosa.
Denúncias sobre abuso sexual no Maranhão podem ser feitas pelo telefone da CPI: (98) 3131 4240 ou por meio da Ouvidoria-Geral da Assembleia Legislativa: 0800 169800.
Edição: Juliana Andrade e Lílian Beraldo![]()
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