19-02-2010 09:45Acusado da morte de Dorothy Stang pede liberdade ao Supremo e tenta impedir novo júri popular
Os advogados de Vitalmiro Bastos de Moura, acusado de encomendar o assassinato da missionária Dorothy Mae Stang, recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tentativa de suspender a ordem de prisão determinada contra ele pela justiça local e referendada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Além disso, eles pedem o adiamento de um novo Tribunal do Júri até que a decisão de anular o primeiro julgamento popular, que o absolveu, seja irrecorrível.
O Habeas Corpus no Supremo (HC 102757), que será relatado pelo ministro Cezar Peluso, questiona as razões que levaram os ministros do STJ a cassar a liberdade de Vitalmiro (ele estava solto por força do julgamento liminar do HC 133511/PA). O motivo que justificaria a prisão, segundo o voto do ministro do STJ Felix Fischer, seria o poder que o réu exerce na região onde o crime aconteceu.
O caso
Vitalmiro foi, a princípio, absolvido pelo Júri popular em 6 de maio de 2008. Contudo, por um recurso ao Tribunal de Justiça do Pará, a corte estadual anulou a sentença e determinou que ele responda ao processo criminal preso. Ele impetrou Habeas Corpus no STJ e conseguiu, em julgamento liminar, ser solto, mas ao ser julgado no mérito o HC foi negado e a prisão foi novamente determinada.
No HC impetrado no STF, a defesa de Vitalmiro alega que a ordem de prisão descumpre preceitos da Convenção Americana sobre Direitos Humanos ao privar a liberdade do acusado antes da condenação final. É deveras desumano manter presa uma pessoa que foi absolvida pelo órgão com competência constitucional para julgá-la, e ainda não teve oportunidade de contestar e discutir a decisão que entendeu equivocada a absolvição, sustenta o texto.
Os advogados de Viltalmiro argumentam que não existe razão para que ele responda ao processo preso. A defesa diz que ele teria se apresentado à polícia nas três vezes em que foi decretada a sua prisão cautelar, e que ele permaneceu preso por três anos e 39 dias, até que teria sido absolvido pelo Júri Popular. Isso supostamente comprovaria que ele não tem a pretensão de fugir do cumprimento da lei penal. Além disso, os representantes do acusado dizem que não foi comprovado que ele ameace testemunhas ou coloque em risco a ordem pública.
É completamente absurdo que Vitalmiro Bastos de Moura permaneça enjaulado por tempo indeterminado, após mais de três anos preso sem sentença transitada em julgado, declaram os advogados. Para eles a decisão do STJ de manter sua prisão afronta o princípio da presunção da inocência e não-culpabilidade, uma vez que o acusado seria, segundo a defesa, réu primário, sem antecedentes criminais e porque tem endereço fixo e teve bom comportamento enquanto esteve preso.
Novo júri
A defesa informou que está marcado no dia 31 de março de 2010 um novo julgamento pelo Tribunal do Júri de Belém e demonstrou a preocupação de uma possível condenação atrapalhar a apreciação e o julgamento dos recursos extraordinários interpostos nos tribunais superiores para impedir novo julgamento popular.
No pedido liminar, os advogados pedem que o Supremo impeça a realização de novo julgamento pelo Júri popular até que a decisão de anular o primeiro júri, que o absolveu, transite em julgado.
Fonte: STF
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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010
Correio Forense - Acusado da morte de Dorothy Stang pede liberdade ao Supremo e tenta impedir novo júri popular - Direito Penal
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