terça-feira, 5 de julho de 2011

Correio Forense - Nova Lei da Prisão Preventiva deve soltar milhares de presos que ainda não foram julgados - Processo Penal

03-07-2011 23:00

Nova Lei da Prisão Preventiva deve soltar milhares de presos que ainda não foram julgados

A nova

Lei da Prisão Preventiva, que entra em vigor amanhã (4), deve resultar na

liberação, em todo o país, de milhares de presos que ainda não foram julgados.

Deverão ser beneficiados presos não reincidentes que cometeram crimes leves,

puníveis com menos de quatro anos de reclusão. Em tais casos, a prisão poderá

ser substituída por medidas como pagamento de fiança e monitoramento

eletrônico.

 

A população carcerária do país, hoje, está em torno de 496 mil pessoas, segundo

dados do Ministério da Justiça. Em 37% dos casos – ou seja, para 183 mil presos

– ainda não houve julgamento e não se pode garantir que sejam culpados.

“Quer

dizer que esses presos provisórios vão ser soltos na segunda-feira? Não. O que

a lei diz é que o advogado pode alegar a aplicação de medidas cautelares para o

preso. A regra é: o processo você sempre aguarda em liberdade”, explica o

secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Marivaldo Pereira

De acordo

com o supervisor do Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema

Carcerário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Walter Nunes, a lei não vai

gerar sensação de impunidade. “Não se pode dizer que a lei vai trazer

impunidade, porque prisão preventiva não é para punir. É uma medida

excepcional, aplicada antes de uma pessoa ser considerada culpada”.

De acordo

com Nunes, hoje é mais benéfico ser condenado por um crime leve do que existir

a suspeita de que ele foi cometido. “Desde a Constituição de 1988, uma pessoa

condenada a menos de quatro anos dificilmente ficará presa. Serão aplicadas

outras medidas restritivas de direitos e o regime aberto”, explica.

O

procurador Eugênio Pacelli, que foi relator da comissão responsável pelo

projeto de lei do novo Código de Processo Penal, no entanto, teme que a

liberação dos acusados cause sensação de insegurança na sociedade. Entretanto,

ele acredita que mais inseguro ainda é deixar essas pessoas presas, convivendo

com criminosos experientes.

“Há uma

ilusão na sociedade: as pessoas acham que a prisão garante o sossego e a

segurança de todo mundo, mas, muitas vezes, a prisão é que produz o próximo

problema. Você colocar uma pessoa que não tem histórico nenhum presa é algo

muito complicado, pois a prisão é um ambiente de violência, e isso afeta as

pessoas”, diz Pacelli. O procurador lembra que, com a nova lei, não haverá

alteração no tratamento de crimes mais graves, como homicídio ou estupro.

Para o

ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), a lei veio a

corrigir uma generalização da prisão preventiva. Ele ressalta que hoje, em vez

de se apurar primeiro para, depois, prender, já com culpa formada, passou-se

para um "campo de justiçamento", em que se prende de forma

generalizada. "Daí a superlotação das penitenciárias e das cadeias

públicas", diz o ministro.

Ele

também acredita que a nova lei ajudará a evitar que inocentes fiquem presos

indevidamente. “Liberdade não é algo que é passível de devolução. Se houve uma

prisão indevida, vamos responsabilizar o Estado?”, pergunta o ministro.

Autor: Débora Zampier
Fonte: Agência Brasil


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